O que representa a IA para a nossa identidade? O nosso fascínio por ela decorre da singularidade que atribuímos à inteligência humana. Acreditamos que é a inteligência que nos diferencia. O receio da IA não diz respeito apenas à forma como ela invade as nossas vidas digitais, mas também à ameaça implícita de uma inteligência que nos desloque da posição de centro do mundo.
O livro visionário de Neil D. Lawrence mostra como estes medos devem ser relativizados. O atomismo proposto por Demócrito sugeria que era impossível continuar a dividir a matéria em partes cada vez mais pequenas. Revelando o que na inteligência humana pode ser substituído por máquinas, a IA parece estar a conquistar o último reduto, o núcleo derradeiro do que nos torna humanos. Mas a ímpar inteligência humana evoluiu ao longo de centenas de milhares de anos. Ao comparar as nossas capacidades com as das máquinas, Humano, Demasiado Humano aprofunda as origens técnicas, a capacidade e as limitações dos sistemas de IA, e propõe o modo como devem ser geridos.
A compreensão da mensagem do livro permitirá ao leitor escolher o seu futuro, preferencialmente aquele em que a IA é uma ferramenta ao seu dispor e não um instrumento que o domina, promovendo assim o funcionamento de sociedades abertas, justas e democráticas.