Maio e a Crise da Civilização Burguesa
- Edição Janeiro 2005
- Colecção
- ISBN 978-989-616-032-6
- Páginas 164
- Dimensões 0 x 0
"Há muito tempo que se fazia sentir a necessidade de reeditar desta obra, esgotada há 35 anos (foi objecto de 2 edições consecutivas em 69/70), pela sua grande importância para o estudo da história das ideias e dos movimentos politico-ideológicos que marcaram a Europa em grande parte do século XX. A insurreição de Maio de 68, cujos incidentes são descritos numa parte da obra (Diário de João Cândido) em grande pormenor e com grande argúcia e entusiasmo por parte de alguém que a eles assistiu e viveu intensamente, serve de ponto de partida para o estudo das razões que os motivaram e também que provocaram o seu fim. A análise dos acontecimentos de Maio converte-se assim numa indagação mais abrangente sobre a experiência da Humanidade ao longo da História e sobre a desejada inflexão dos caminhos que conduziram a uma anunciada crise da Civilização, a do "homem finito produzido".
Esta é uma das obras mais ilustrativas do pensamento do autor, sobretudo quando a sua leitura for coadjuvada pela da correspondência com Óscar Lopes, em que a questão de Maio assume uma centralidade evidente."
Leonor Curado Neves
"Só por outra via se pode esperar uma transformação da civilização e da vida. Só de uma semente nova que os sindicatos, os partidos, as instituições, as ideologias estabelecidas, não conhecem. Ela germina na arte, nas formas profundas, intersubjectivas, não racionalizadas das relações entre as pessoas. [...] A semente de que falo é a subjectividade, que ficou à margem do Progresso, mas que aflora na História de maneira incompreensível para os historiadores burgueses. É dela que nascem experiências místicas de várias religiões; aventuras absurdas do ponto de vista burguês, como a de Francisco de Assis ou a de Gandhi; revoltas como a de Tolstoi. É ela que se manifesta na criação artística, que transcende sempre a consciência dm vão o cientismo burguês quis explicar pela teoria da Raça-Meio-Momento, ou pela das superestruturas, ou por outras igualmente ridículas. É por ela que se explica, por exemplo, no seio do Império Romano, a expansão irresistível do cristianismo primitivo [...]. A transformação do mundo - se é que ele é transformável - será obra de uma mudança espiritual."
"Tudo isto nos leva a atribuir ao factor Cultura uma importância que o marxismo lhe recusa pelo simples facto de o considerar como uma 'supraestrutura' ou um 'epifenómeno'!. Só há verdadeira crise revolucionária lá onde há duas culturas que se combatem. Se não fosse a minha relutância pelas fórmulas publicitárias (especialmente as da moda) e o meu receio de ser arrumado numa classificação ideológica, diria que toda a verdadeira revolução é cultural."