Choveu Todo o Domingo

CHOVEU TODO O DOMINDO, de Philippe Delerm

“”Rever Paris”. Chegado à Gare du Nord, o senhor Spitzweg surpreende-se a assobiar a canção de Trenet. Ah, sim! Afinal, foi sobretudo por isso que ele partiu. No rumor das sete da manhã, sobe-lhe ao coração uma grande lufada de Paris, e é mais forte do que todas as ondas do mar do Norte. Toma um café ao balcão, perto dos anúncios dos altifalantes: “O TGV 2525 com destino a Bruxelas partirá da linha 8…” Mas, por mais que lhe falem de outros lugares, Arnod sabe, de agora em diante, que é daqui. Esta desenvoltura do criado, o odor dos jornais frescos, um não-sei-quê de parisiense no aroma do café… O senhor Spitzweg volta a pegar na mala e sorve o odor dos corredores do metro como o aroma de um jardim de essências raras. Os azulejos, a cor dos cartazes, tudo lhe agrada. No vagão que o conduz a Guy-Moquet há um negro com uma grande bicicleta enferrujada à qual falta um pedal.”